Apesar de ainda faltarem uns dias para chegar ao Peru a experiência cultural já começou. Fui há embaixada buscar o meu visto!
Já me tinham dito que os peruanos tratam de tudo com muita calma e que devo ser paciente. Hoje percebi o que isso queria dizer.
Já tinha ligado para a embaixada pedir informações sobre vistos ao que me responderam “para estudar 6 meses não é preciso visto nenhum!”. Mesmo assim achei melhor seguir as instruções da coordenadora de intercâmbio e apresentei-me pessoalmente nos serviços consulares.
Fui muito bem recebida pelo “Director Conselleiro”, encantado com o facto de eu ir conhecer o seu belo país.
Depois de uma animada cavaqueira sobre o Peru, Lima, a Universidad del Pacifico o cônsul iniciou o processo do meu visto. Realmente ele tinha uma vaga ideia de ter recebido uma carta que falava sobre um visto de estudante…saiu do gabinete e voltou com a dita carta (que eu achava que nem existia…).
Foi aqui que começou o teste aos carimbos. Para ter a certeza que o carimbo do visto sairia perfeito o cônsul experimentou 3 carimbos diferentes num bloco de notas.
Ao fim e várias (imensas!) “carimbadelas” interrompeu o processo pois apercebeu-se que estava com sede. Foi buscar uma garrafa de água, também oferecendo-me uma, e depois de a beber calmamente reclinado sobre a cadeira (nunca se deve fazer duas coisas ao mesmo tempo!), retomou o teste.
Já sobravam poucas folhas no bloco quando chegou à conclusão “talvez precise de uma nova almofada de tinta.”.
Abandona o gabinete, volta com uma nova almofada e recomeça o “teste”.
Finalmente deu-se por satisfeito com o resultado, agarrou no passaporte e fez o carimbo mais perfeito que alguma vez vi!
Agora só era preciso preencher e…ups! “enganei-me!, tu precisas de um visto OFICIAL e não de um visto de ESTUDIANTE como eu escrevi…o que é que fazemos?”
Eu apresentei logo soluções simples como riscar e fazer outro em baixo ou escrever OFICIAL à frente de ESTUDIANTE, mas o cônsul não ficou convencido.
Depois de alguns minutos a pensar no assunto, enquanto batia com os dedos na mesa e suspirava para cima do passaporte disse “e o que achas de taparmos isto com umas etiquetas brancas?”
Optimo! Desde que seja rápido, pensei eu.
Lá foi buscar as etiquetas, que colocou minuciosamente sobre o erro. Depois de um rápido teste ao carimbo, colocou o segundo visto no meu passaporte.
Mais uma vez mostrou a sua preocupação com a aparência levando o visto até à secretária para preencher, pois segundo ele a sua própria letra era muito feia.
Finalmente o meu passaporte tinha visto! HURRAY!
Antes de sair ainda me ofereceu um kit de informações sobre o Peru indispensável a qualquer turista, que incluía brochuras, postais e um grosso e pesado dossier.
E assim consegui passar 40 agradáveis minutos para conseguir um simples carimbo no passaporte. Espero que todos os Peruanos sejam tão bons anfitriões como o cônsul em Lisboa.
