quarta-feira, 14 de julho de 2010

Está a chegar ao fim...

Hoje tenho os meus dois últimos exames e o Gastão aterra às nove da noite em Lima! É quase impossível concentrar-me para estudar com esta mistura de sentimentos.

Claro que estou feliz da vida com as viagens que vou fazer nas próximas 6 semanas e que também estou cheia de saudades de Portugal, mas as despedias já começaram e isso não deixa de me fazer sentir um bocadinho triste.

Sim, o tempo voou, mas olho para traz e posso dizer com confiança que aproveitei ao máximo! Foram 4 meses e meio cheios de surpresas positivas, dos quais eu nunca esperei tanto. Desde o tapete para os pés na minha casa de banho às pessoas fantásticas que conheci, passando pela comida maravilhosa que provei e claro, uma universidade donde aprendi muito, sobretudo pelas diferenças entre o Peru e Portugal.

Vou deixar um país que se define pela diversidade, com classes sociais muito marcadas, onde entre a costa, serra e selva se pode encontrar de tudo. Mas uma coisa é comum, talvez o que mais me surpreendeu e continua a surpreender: o orgulho que as pessoas têm em ser peruanas.

Defendem as marcas nacionais (que são muito mais do que podem imaginar, ex: pão Bimbo) como se tratassem das suas próprias empresas e ai de quem questionar a origem do ceviche ou do pisco sour. Penso que chegam mesmo a ter um carinho especial pelos combis e nunca mudariam a sua relação com o tempo, que para os peruanos não é uma coisa que se conte ou que se calcula, apenas se deixa fluir.

Lima foi uma cidade que gostei desde o primeiro dia, onde coisas para ver e fazer não faltam e onde a qualidade de vida pode ser alta. Só se tem de saber aproveitar o bom que oferece e deixar o transito e o Inverno cinzento passar ao lado.
A decisão de vir não podia ter sido mais acertada.


Bandeira do Peru

P.S.: vou dormir a ultima sesta no sofa da cafetaria antes de voltar ao estudo.

Gastronomia Limanha

Agora que temos os dias contados nesta cidade, estamos a tentar aproveitar ao máximo o facto de vivermos na capital mundial da gastronomia, como lima se intitula. Quase que temos uma agenda com o roteiro de restaurantes.

Domingo fomos ao Canta Ranita, uma espécie de barraca montada dentro do mercado de Barranco. É o restaurante "filho" do famoso Canta Rana (que provei com os meus pais e também recomendo). Os donos são os mesmos e o tema da decoração também: futebol, mas o ambiente é todo mais informal, uma vez que está no meio de um mercado e os poucos pratos que oferece são muito mais simples.

O mais famoso é o ceviche apaltado (com abacate) que não achei nada de especial. O arroz de marisco é que estava muito bom mas o melhor de tudo ainda era o ambiente. É um restaurante só de locais, toda a gente se cumprimentava e conversava entre as mesas e era difícil distinguir os empregados dos clientes, (os empregados sentavam-se para comer e os clientes entravam na cozinha para se servirem de mais uma cerveja).

Claro que uma refeição em Lima não acaba sem vir a bela da banda tocar umas musicas e animar a malta a troco de uns soles que ninguém se atreve a não pagar no final da actuação.

Não satisfeita com o pratão que me serviram, ainda comi um cheesecake de lúcuma, uma fruta peruana que se tornou num vicio estes últimos meses.

Escusado será dizer que acabei o dia a correr na marginal de Miraflores.

Segunda feira marcámos encontro às 9 da manhã no café Arábica, o tipo de café onde se fica meia hora a olhar para a montra a tentar decidir que bolo vamos pedir e só nos damos por contantes quando já provámos todos.

Depois de chocolates quentes, capuccinos, tartes de maçã, bolos de maracujá e algum estudo (objectivo principal) decidimos ir almoçar ao porto de Chorrillos. ao “El Morocho”.

Quem me deu a dica do restaurante foi um peruano que trabalha no hostel onde vivem o Duarte e o Diogo: “é um primeiro piso não tem sinal nenhum, as pessoas só sabem do restaurante boca-a-boca! E tem o melhor ceviche que já comi!”. Tinha razão em tudo e se não fosse o mapa que me tinha desenhado nunca tínhamos encontrado o lugar.

Era como que uma cabana montada em cima de um prédio em obras com uma bonita vista para o mar.

Eu pedi um “picante de marisco” que me deixou muito feliz. Picante não quer dizer que se vai terminar com a boca arder mas sim que vem tudo cortado em bocados pequenos, picado!

No final o empregado não resistiu a perguntar-nos: “Quem é que vos recomendou este restaurante?”. Quando lhe falei do homem do hostel soube logo quem era.

Na quarta-feira foi a vez de provar anticuchos: espetadas de coração de vaca. Os mais conhecidos de Lima são os grelhados à frente de casa da Vannesa por quatro cozinheiros ambulantes que das 8h da noite até às 11h montam o estaminé e servem anticuchos, por vezes a uma fila que pode levar mais de uma hora.
Comi proteína suficiente para o resto do mês!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Capoeira / Maculelé

Seixta-feira acabaram-se as minhas aulas de capoeira com uma exibição de todas as actividades extracurriculares da universidade.

Nós fizemos uma coreografia de Maculelé, uma luta "dançada" com paus, que representavam as nossas armas, e umas saias de palha para ficarmos mais bonitos. No final formámos a típica roda para mostrar os nossos movimentos, muito bem ensaiados, de capoeira.



Diverti-me muito e no final senti-me um bocadinho triste por ter acabado. Foi a primeira "despedida" deste meu intercâmbio.

domingo, 4 de julho de 2010

Laguna 69

Saímos do hostel às 5:30 da manhã para apanharmos o combi até Yungay, a primeira parada da viagem até à lagoa 69.
Tomámos o pequeno almoço no mercado: tamales, pão de milho, bolos e jarros de sumo “surtido”!

Quando estávamos na tenda dos sumos, o senhor sentado ao nosso lado começou a meter conversa, perguntando para onde é que íamos. Era taxista e queria levar-nos até à entrada do parque nacional, donde começaria a caminhada até à lagoa, por 10 soles cada uma, o mesmo que cobravam os autocarros. Depois de algumas tentativas frustradas de regatear o preço, acabámos por ir com ele, que até parecia boa gente.

Foi uma viagem de uma hora e meia por um caminho cheio de calhaus, aos encontrões e cabeçadas dentro do carro. Assim começámos o trekking já meias amachucadas.



Cruzámos um vale enorme e começámos a subir uma montanha. Quando chegámos ao cimo, já tinham passado mais de duas horas de caminhada, pensámos que avistaríamos a famosa lagoa. Mas não! Em vez disso batemos com o nariz num sinal que dizia “Laguna 69 3kms”, o que queria dizer que só tínhamos feito 5km! Que desilusão. Logo depois do sinal estava mais uma montanha à nossa espera.



Mais uma hora de exercício e por fim apareceu a lagoa azulona escura por entre as montanhas.
Sentámo-nos para almoçar e ainda conhecemos um grupo de mochileiros israelitas, que estão por todo o lado no Peru (e no resto mundo).



A descida foi um alivio e no final lá estava o nosso taxista à espera para nos levar de volta a Yungay como tinha prometido.
Eu já andava a estranhar o meu karma com os veículos não dar sinais de vida há uns tempos. Pensei que a maldição tinha acabado até que ouvimos um estrondo e eu vejo pela minha janela um pneu a voar. Não sei ao certo o que se passou mas depois de tantos kilometros pela estrada de calhau a roda do carro resolveu rebentar com o eixo voar dali para fora.

Felizmente só estávamos a uma quadra da plaza de armas. Lamentámos a sorte do taxista e voltámos ao mercado à procura de chocho, uma comida que víamos anunciada em todo e lado e que tínhamos de provar. Não era nada mais, nada menos que tremoços misturados com tomate, cebola e salsa.

Na viagem de combi para Huaraz vinha sentada no banco da frente, ao lado do condutor a tentar perceber toda a filosofia da sua profissão. Ele juntamente com o cobrador alugam a carrinha a uma empresa e recebem o dinheiro dos bilhetes, ou seja, para alem de tentarem encher o carro até não caber mais um dedo mindinho, competem, tipo racers, com os outros combis que fazem a mesma carreira para ver quem chega primeiro às paragens para levar a clientela!
Não tivemos muito tempo em Huaraz, uma vez que chegámos já de noite e o nosso autocarro de volta para Lima partiu às 10h.

sábado, 3 de julho de 2010

De novo em Huaraz

Acordámos sem despertador e fomos dar um passeio que nos tinha aconselhado o Andrés, o dono da agencia de escalada e a primeira pessoa a explorar o “bosque de pedras” de Hatun Machay.

Passámos pelo mercado de Huaraz (ainda não nos cansámos de mercados) onde tirámos muitas fotografias e saímos pelo lado norte da cidade em direcção a umas ruínas.


"Eu ainda sou do tempo em que os homens costuravam!"

Não foi a caminhada mais bonita do mundo e as ruínas para alem de não serem muito interessantes, estavam fechadas. Mas passámos por aldeias sem um único turista, por campos de agricultura onde ainda trabalhavam bois com um arado, famílias a lavar a roupa no rio e pastoras com as suas 200 ovelhas e 50 vacas.

Nem podíamos mostrar a máquinas fotográfica que começavam logo a gritar “propina!”. Uma pastora chegou mesmo a bater na Vero, que nem sequer tinha máquina fotográfica, quando passámos por ela por não lhe pagarmos nada.


Cordilheira Blanca

Das ruínas descemos até Monterrey, uma cidade conhecida pelos seus banhos termais, mas que com o calor que tínhamos, não estavam muito apetecíveis.

Chegámos a Huaraz e fomos directas a uma pastelaria comer um "pastel de choclo" (um bolo de maçaroca) gigante. Depois passámos pelo mercado de artesanato ver e comprar mais do mesmo.

O meu plano para o dia seguinte are ir até à Lagoa 69, onde não tinha conseguido chegar da primeira vez que estive em Huaraz por falta de tempo, e que toda a gente dizia que era muito bonita. O resto das meninas como não estavam muito convencidas com a lagoa ainda foram ao posto de turismo ver alternativas mas a minha acabou por “ganhar”.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

2º dia em Hatun Machay

Depois do pequeno almoço lá fomos escalar mais um bocadinho.

No caminho passámos por uma caverna cheia de pinturas rupestres que ainda ninguém se deu ao trabalho de estudar e a sua autenticidade permanece um mistério.

A primeira parede tinha um inicio que para mim foi impossível e a Cláudia é que me teve de puxar até eu começar a encontrar buracos para por as mãos e os pés.


Rodrigo a "assegurar" a Marketa e a Vero do lado esquerdo.


Pic-nic.

A segunda e última foi a melhor: mais fácil, mais alta e com a melhor vista.


Eu já cheia de confiança :P

Por fim a Cláudia ensinou-me a “assegurar” (não sei qual é o termo correcto em português) e assim quando a Marketa subiu fui eu que fiquei do outro lado da corda.
Infelizmente a Vero sentia-se muito mal por causa da altitude e por isso decidimos voltar nesse dia para Huaraz, em vez de ficarmos mais uma noite como planeado.

Tive muita pena mas já foi muito bom ter aproveitado esta oportunidade.

Separámo-nos do Rodrigo e do José que decidiram ir num trekking de dois dias para subir um dos picos da cordilheira de Huascarán. Elas como estavam muito cansadas queriam era um dia tranquilo na segunda-feira.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

1º dia em Hatun Machay

Encontrámo-nos com o Rodrigo e o José, dois amigos da escalada da Cláudia, à porta da agência que organizava o transporte para o refugio.

A carrinha ia cheia de cromos das rochas, artilhados até às orelhas e eu ali no meio, sem ter a menor ideia de nada.
Depois de duas horas de viagem por estradinhas de cabras chegámos a Hatun Machay. O refugio consistia numa sala comum com uma cozinha e um dormitório no andar de cima, onde ficava tudo ao molho. As casas de banho eram outra casa à parte. Chuveiros não existiam.

Arrumámos as coisas e fizemo-nos às rochas.


O "bosque de pedras".

Chegou a minha vez de subir e bastou-me trepar 10 centímetros para começar a “choramingar”. Estava a experimentar tudo pela primeira vez e sentia-me completamente perdida. Depois de me convencerem que estava completamente segura lá fui subindo sem nunca olhar para baixo. Como o Rodrigo me disse: "é um desporto mais psicológico que físico!" Quando cheguei tentei apagar os nervos e apreciar a vista espectacular. O vale era mesmo bonito e as únicas coisas que se podiam avistar eram cavalos e vacas.

A segunda e a terceira escalada foram feitas com mais confiança. Rapidamente percebi porque é que as pessoas se tornavam tão aficionadas deste desporto: a sensação de chegar ao cume é impagável.


Vista a 32 metros.

Regressámos ao refugio já de noite, cozinhámos, jantámos e convivemos com o resto das pessoas.

Jantar no refúgio.