quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tremor, Teste e outras coisas

A semana passada começou com um pequeno abanão! Acorde as 3 da manhã com o quarto a tremer e claro que no dia seguinte fui logo ver às noticias a magnitude daquele sisminho de 30 segundos : 4.3.!

Na 5ª feira houve uma conferencia sobre diversidade que se tornou muito interessante pelo facto de mais uma vez me encontrar num pais tão diferente. Foi apresentado um estudo em como o maior factor de descriminação é a pobreza enquanto que na Europa era o sexo e que analisando outros países, se chegava à conclusão de que quanto mais pobre era, mais descriminação havia relativa à classe social, educação e influencia que uma pessoa tem e que no caso dos países mais ricos, a descriminação estava mais voltada para as mulheres, homossexualidade e aparência física. Realmente aqui no Peru o berço de uma pessoa tem muita influência no seu futuro. O Martín até me disse uma vez “Acá tu es tu papá!”.

No sábado passado tive o meu primeiro teste de finanças corporativas, o monstro feio dos meus cursos que me dá pesadelos, por isso passei muito tempo a estudar e fazer exercícios. Até Já arranjei um sitio simpático para os dias de nerdisse: o Café Z, que não passa só musica cumbia, a salsa cá da terra, e onde de facto existe bom café. É estranho porque o café peruano já recebeu vários prémios e nomeações de “o melhor café do mundo”, mas depois não sei o que e que se passa durante o processo de transformar o grão num simples expresso, que é raro sair alguma coisa de jeito (meu querido Delta).

O teste até correu bem e agora já só faltam mais 6, incluindo os dois exames, que valem tanto como os outros 4. Esta é uma das diferenças da universidade: a forma de avaliarem os alunos, é muito mais continua. Ao contrario da Nova, onde os exames valem 50% ou mais, aqui uma apresentação individual ou um trabalho de grupo final podem ser os principais componentes da nossa nota.

À noite fui a um aperitivo casa da Marie, mais uma francesa que já tem raízes em Lima, e depois seguimos para um concerto dos Sabor e Control, uma banda de salsa, no bar La Noche, em Barranco. Este bar é das melhores venues de Lima. A seguir fui a mais uma festa numa casa abandonada. São muito comuns em Miraflores e Barranco. Basicamente contra-te um DJ, enche-se a cozinha de cerveja para vender e garante-se que a policia não chateia. Acaba por se tornar uma ambiente familiar pois as pessoas são mais ou menos sempre as mesmas. Para os que estiveram em Roma, as casas são tipo o Realto mas em ponto pequeno.

Segunda feira cumpri com mais um objectivo do meu intercambio: fazer voluntariado. O Mattias já me tinha dito que todas as segundas de manhã trabalhava numa escola de pessoas deficientes e eu pedi que me levasse para conhecer o sitio.
A escola é um oasis no meio de Chorrillos, um bairro mais pobre no sul de lima, com um jardim enorme e uma horta onde quero aprender alguma coisa. Tem alunos desde os 5 até aos 30 anos e os respectivos pais pagam o que podem para os ter ali. Claro que a maioria não pode pagar nada e alguns acabam por trabalhar nas limpezas da escola aos fins de semana. Para ajudar a cobrir todos os custos que têm com terapeutas, professores especializados e mantimento, tudo quanto os alunos fazem é vendido. Por exemplo existe uma oficina para trabalhar com madeiras, onde os alunos estavam a construir tábuas para cortar pão que iam depois para o mercado. O mesmo acontece com todos os vegetais apanhados na horta. E depois têm os voluntários, que são cada vez menos. Agora só lá estão 5 e vêm da Alemanha, através de uma associação de lá. Só uma era peruana.

Gostei imenso das pessoas e do funcionamento da escola e por isso vou começar a ir todas as 6as feiras, das 8 às 2h, 3h, 4h da tarde...até poder ficar disse-me o Fernando, o director.

Ontem fui mais uma vez surfar às 7:30 da manhã (já disse que demoro 15 minutos da porta de minha casa a por os pés na água?) e acho que é tudo.

Deixo-vos uma imagem do combi, da zona que está por cima do conductor. Não me canso dos pormenores destes veículos...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mais uma semana

Depois de um mes da “orientação ao estudante internacional” (ver post mais antigo) continuamos a ser muito bem recebidos pela universidade. desta vez foi organizada a “noite internacional” com o objectivo de "misturar" os estudantes de intercambio com os locais, principalmente os que estão interessados em estudar nos nossos países no próximo semestre.

Infelizmente os peruanos não aderiram muito mas eu tentei conversar o máximo possível com os que lá estavam e vender Lisboa como a melhor cidade para intercambio. Aqui querem todos ir para Maastricht...que frio!



Houve uma apresentação de várias danças tradicionais peruanas e ainda nos serviram um aperitivo com muito Pisco Sour...alias, foi a única coisa que nos deram de beber!

A seguir, muito animados, fomos até à festa de anos do Julien, um francês que estuda noutra universidade, e ainda arrastámos uns peruanos connosco.

Foi nessa noite que descobri que não era a única tuga a estudar em Lima: conheci o Duarte e o Diogo, uns porreiros que andam a representar muito bem o nosso país.

finalmente consegui tirar uma fotografia à minha "carrinha da escola"

Sábado passado tive mais uma aula prática de finanças corporativas. ainda não referi o quão perdida está a designer no meio dos guigs que trabalham em excel a mil a hora. Sinto-me uma totó a apanhar do ar.

Depois de entrar na sala de aula vejo o professor a tirar umas folhas de ponto da sua pasta. Realmente os meus colegas estavam todos nervosos e sentia-se uma pequena tensão no ar...era dia de teste! O QUÊ???

Eu sei que não apanho 100% das palavras q os professores dizem mas como e que n percebi q n aula seguinte havia TESTE! O rapaz ao meu lado, que se apercebeu dos meus nervos, passou-me uns apontamentos e aconselhou-me a dar uma vista de olhos muito rápido antes de receber a folha com as perguntas. Quando olhei para a matéria não reconheci nada do que estava escrito. "Mas demos isto na 2a, n te lembras?" perguntou-me ele. "Mas eu não tenho finanças segunda, tenho na 3a!" respondi. Moral da historia: estava na sala errada...com outra turma de finanças. UFA!


Barranco

Domingo fui a pé ate Barranco, o bairro dos bares e artistas. É dos sítios mais bonitos em lima, onde a maior parte das casas são antigas e bem conservadas. queria apanhar ar enquanto lia os kilos de capítulos que a maioria dos professores nos manda como TPC. Acabei por me sentar na praça onde estava a decorrer uma feira gastronómica (os peruanos devem adora-las porque estão sempre a acontecer!). À hora do jantar acabei por voltar com a Vannesa, o Mathias, um alemão, e a Olga, uma finlandesa, para provarmos um arroz de frango cozinhado numas folhas de bananeira acompanhado de umas bolas de banana frita. "es típico de la selva!" disse-nos o cozinheiro.

sábado, 17 de abril de 2010

Sinalizaçao de Segurança


Parte da sinalização dos espaços públicos.


E este está à saída da praia. Dedico-o ao meu mano António que gosta muito destas coisas!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Dias de Faculdade

Agora sim entrei na rotina de aulas!

Todos os dias sou cumprimentada pelos seguranças com um sorriso de orelha a orelha. Eu acho que estes juntamente com todos os empregados da limpeza, que garantem que as salas ficam imaculadas de uma aula para a outra e que não há uma ponta de sujidade nas casas de banho e corredores, são mais que os alunos.

Toda a escola se governa por um software chamado Black Board, onde cada aluno e funcionário tem uma página pessoal. É colocada aqui toda a informação: slides das aulas, avisos, contactos dos alunos e professores, grupos de trabalho, etc..
Antes de cada aula começar o professor tem de se registar no Black Board, do computador da sala, onde fica gravada a sua hora de entrada, tipo “picar o ponto”. Depois abre a lista de alunos, que é projectada na parede, incluindo a fotografia tipo passe horrível de cada pessoa, e marca as presenças. Quando o sistema detectar que o aluno faltou a mais de 30% das aulas, automaticamente lança a nota final do semestre de 0 valores!

No Black Board também podemos abrir blogs de discussão sobre matérias e chats para sessões de duvidas com os professores...enfim...comparando isto com o IADE, que nem as notas online tínhamos, dá vontade de rir.

Os meus colegas são geralmente muito simpáticos e ficam radiantes quando os intercâmbios se juntam ao seu grupo de trabalho. Grande parte dos que estão neste momento a terminar o curso começou a estagiar e adoram chegar à faculdade com a sua credencial da empresa onde estão pendura ao pescoço.

Estar num pais ainda não desenvolvido tem tornado as aulas muito mais interessantes. Nas discussões, principalmente nos cursos de marketing em que falamos muito sobre hábitos de consumo, eu tenho sempre uma perspectiva diferente e estou a aprender imenso com os peruanos. Por exemplo, no outro dia, a falar sobre detergentes para roupa, grande parte dos alunos dizia que tinha uma maquina em casa mas que não a usavam porque consumia muita energia. E quando estávamos a falar sobre a colocação de produtos no mercado, cá muitas marcas dão prioridade aos vendedores ambulantes, que chegam a muito mais pessoas, e só depois é que vão para os supermercados, onde a classe media e alta compra. Outras coisas interessantes que tenho analisado é a venda avulso, desde cigarros a saquinhos de champoo, porque muita gente não tem dinheiro para comprar uma embalagem, e o facto de nos supermercados quase não existirem marcas brancas.


esplanada

O lugar que mais gosto na Universidade é a esplanada do último andar. Tem dois cafés tipo gourmet, imensa luz e uns sofás óptimos para se dormir sestas nos meus furos de 3horas.


eu com a Vannesa e o Mauritz a dormir a sesta

Existe um pátio interior grande, onde as pessoas se juntam todas entre as aulas. A semana passada foi a de boas vindas aos cachimbos (caloiros) e por isso havia aí um palco montado com espectáculos e actividades todas as horas de almoço. Ainda cheguei a ver um grupo que misturava vários tipos de danças tradicionais do mundo, outros com umas canas e uns caixotes tipo stomp e um concurso, tipo estafeta. Um dos dias também estavam a servir uma almoçarada.

Fora das aulas tenho tido uns jantares internacionais em casa de amigos e conhecido uns bares e discotecas.

No outro dia, não sei como, estavam 60 intercambios na guest list do Lux cá do sitio, a discoteca Gótica, onde de entrada sem bebidas se paga à roda de 30 euros. Estávamos todos com grandes expectativas mas acabou por se revelar uma discoteca como outra qualquer.

A que gostei mesmo foi a Help!. É uma espécie de barracão, com um palco no meio, onde todas as noites toca uma banda. O ambiente era super descontraído, tipo Jamaica mas com espaço para dançar. Ainda encontrei os peruanos que tinha conhecido em Ayacucho. Hoje são os anos do Julien, um francês, e vamos todos para lá.

Amigo AFS



O Jean Carlos foi um amigo do Panamá que fiz durante o meu ano A.F.S. nos estados unidos. Ele também estava lá a fazer intercâmbio, numa escola diferente, que ficava a cerca de duas horas da minha, mas encontrávamo-nos durante as “orientações”.
Apesar de já não falarmos há quase 6 anos e do Panamá não ser propriamente ao lado de Lima, resolvi enviar-lhe um mail a dizer que vinha para cá, sem grandes esperanças de o ver.

Mas o Jean tirou o curso de piloto e neste momento está a fazer um estágio como hospedeiro e uma vez que Lima faz parte dos destinos dos seus voos, segunda feira tivemos a sorte de estar juntos. O seu horário era apertado: chegava à tarde e partia às 5h da manhã. Mesmo assim deu para darmos um grande passeio aqui por Miraflores e ir até à San António, o Santini cá do sitio.
Foi muito giro estar com uma pessoa do meu primeiro intercâmbio e rir-me sobre coisas que já nem me lembrava que se tinham passado.

Por mais inútil que possa parecer, vale sempre a pena entrar em contacto com velhos amigos.

Domingo em Família

Finalmente passo um fim de semana em Lima; o primeiro de muitos, uma vez que tenho aulas PRATICAS! ao sábado.
Durante a semana quase não vejo as pessoas cá de casa e o único dia em que estamos todos livres é ao domingo. Assim juntamo-nos e fomos até Barranco almoçar numa cevicheria (estabelecimento que serve ceviche e outras coisas boas do mar) chamada El Muelle.

Com a barriga cheia de peixe, lulas e polvo, fomos até ao centro de Lima, a uma exposição do Mário Testino, um fotografo de moda peruano, do qual eu nunca tinha ouvido falar mas cujas as fotografias reconheci logo.

Aproveitámos para ver outra exposição que estava ali ao lado do pintor Camilo Blas, também peruano. O interessante desta é que só continha os esboços, e em muitos deles podia-se acompanhar a linha de pensamento do autor antes de fazer o quadro final.
Á noite, aproveitando o facto de estarmos os quatro em casa, abri uns queijos e uns presuntos que os meus queridos pais cá tinham deixado. Ficaram todos encantados. Principalmente a Claire e o Thomas com o seu paladar francês, e o Martim abriu uma garrafa de vinho tinto para acompanhar tudo.

domingo, 11 de abril de 2010

Dinheiro falso

O dinheiro falso abunda nesta terra. Cada vez que pago alguma coisa com uma nota vejo fazerem uma nova acrobacia com ela para testar a sua veracidade. A mais básica é po-la contra a luz, mas também há quem cheire, quem raspe a unha para ver se fica marca, quem amachuque voltando a esticar, quem lamba o dedo e depois o esfrega para ver se é "à prova de água" e até quem tenha canetas especiais que se a nota for falsa deixa marca e nas verdadeiras não. Enfim, eu já tentei aprender algumas mas acho que se uma nota falsa me for passada para a mão não vou dar por ela.

Mas não são só as notas que são falsificadas. As moedas também! Para estas a melhor solução é um íman para testar o metal. O que eu me pergunto é quão rentável será falsificar moedas de 2 e 5 soles (1 euro= 3,8 soles)...


Aqui está o Thomas com uma régua a tentar decifrar qual das moedas é falsa! Nesse dia não lhe aceitaram uma delas e ele já não se lembrava qual era.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ayacucho 3º dia

Sábado é o dia d’A Festa!

Começou às 10 da manhã com a largado do primeiro touro. Já estava tudo de cerveja em punho e as bandas espalhadas pela cidade punham todos a dançar. Os touros eram soltos, mais ou menos, de 15 em 15 minutos e corriam por uma avenida que atravessava o centro, passando pela plaza de armas.

Seguimos o segundo touro até à plaza que estava CHEIA de gente. Eu com o meu tamanha não via nada. Lá estavam os esperados grupos a fazer pirâmides humanas, havia bombeiros que de vez em quando abriam a mangueira e encharcavam a multidão e toda a gente pulava e bebia!



Apanhámos um táxi até à colina de ???(não me lembro do nome) onde durante a semana santa montam um mercado que vende de tudo, desde medicinas de xamãs e frutas da Amazónia a electrodomésticos e lençóis! Quem é que se lembra de montar uma coisa destas no cimo de uma colina? É que até vacas se vendiam!

Estava quase tão cheio como a praza de armas e nós fascinados com aquele movimento todo. Foi no meio dessa confusão que ouvi Maria!, e ali estava um amigo que tinha feito no avião de São Paulo para Lima, um peruano de Ayacucho. O mundo é mesmo pequeno!

Voltámos para o centro, visitámos as feiras espalhadas pela cidade e fomos festejar! A praça já não estava á pinha, só estava muito cheia, com bandas por todo o lado rodeadas de pessoas a dançar, que a esta altura já estavam bem alcoolizadas. Eu acho que nunca tinha visto tantos bêbados juntos! Homens e mulheres, velhos e jovens!





Ainda vimos um espectáculo de danças tradicionais, em que numa certa altura dois homens lutavam entre si, seguidos de duas mulheres. Ganhava quem atirasse o outro ao chão primeiro...uma mistura de sumo com wrestling....mas agora imaginem entre duas mulheres de camisinha de mangas de balão e saia de roda.

Por volta da meia noite começaram a acender uns castelos de fogo de artificio que estavam espalhados à volta da praça. Mais uma vez, cada um correspondia a uma família, grupo académico ou de amigos e competiam uns com os outros.
A meio da noite tive de ir para casa para dormir uma hora e voltei às 4h para festa. Parecia que nem tinha saído dali porque a animação não tinha morrido nem um bocadinho.

castelo de fogo de artificio

Às cinco e meia saiu a procissão da ressurreição. A festa recomeçou depois mas eu já não me aguentava e fui aproveitar para dormir duas horas antes de apanhar o autocarro de volta a Lima, que saía às 9 da manhã.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ayacucho 2º dia

A senhora Maria e o seu marido faziam anos de casados e convidaram-nos logo para celebrar com eles ao pequeno almoço, com bolo e leite com chocolate, em doses gigantes, que tivemos de comer até ao fim para não os ofender.

Penso que as pessoas na montanha são mais simpáticas que as da costa. São genuinamente convidativas, prestáveis, parecem sempre felizes e tratam-nos por mama, para as raparigas, e papa, para os rapazes, como forma carinhosa.

Nesse dia fomos até Quinua, uma aldeia a 30kms de Ayacucho conhecida pelo artesanato e pelo campo onde se deu uma batalha, já depois da independência, em que os Peruanos puseram os Espanhóis mais persistentes a andar dali para fora. Demos um passeio até uma cascata que havia ali ao pé e almoçámos numa “tasca” no meio de um mercado. Um dos pratos típicos da zona é o Cuy, que quer dizer porquinho da índia! O Nils e a Analin pediram uma dose, mas eu fiquei-me pela maçaroca com queijo, uma das poucas alternativas a carne.



Quando voltámos para Ayacucho os meus companheiros foram fazer uma sesta e eu decidi dar um passeio. Fui até à plaza de armas, onde várias equipas estavam a trabalhar nos típicos tapetes de flores. Eu senti-me inspirada e fui ajudar uma delas. Todas as gerações participam! Aliás, é bonito de se ver como todas as famílias se juntam para fazerem a semana santa em Ayacucho acontecer. Todos os anos há um grupo de pessoas que é nomeado para liderar as operações, e também financiar todas as actividades. A dispota deve ser tanta que estes grupos de líderes já estão designados até 2017!



Foi uma experiência muito gira participar no tapete: conversar com as pessoas da equipa, receber ordens de uma criança de 6 anos e no final saber que tínhamos ganho o terceiro prémio.

Às 8 da noite saiu a procissão do Senhor do Santo Sepulcro e da Virgem Dolorosa, seguida de mulheres todas vestidas de preto e muitas velas.



Depois fomos até um bar, seguido de mais uma “fogata”, onde uma banda que mistura rock com musica tradicional andina estava a tocar. Foi um espectáculo muito divertido, com bailarinos com trajes tradicionais a subirem ao palco. Encontrámos também muitas das pessoas que tínhamos conhecido na noite anterior e ainda tentámos fazer torres humanas com um grupo de miúdos, que estava a treinar para o concurso do dia seguinte.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ayacucho

A semana santa no Peru é um evento nacional. Tal como nós com a passagem de ano, toda a gente se pergunta “para onde vais durante a semana santa?”, ficar em Lima é que está fora de questão!

A minha ideia inicial era ir para a cidade de Ayacucho, pois tem fama de ser a cidade com as melhores celebrações. Mas a fama é tão grande que a cidade fica à pinha e como estava tudo cheio comecei a desistir da ir até o Nils, um alemão, me dizer que ia com a Marketa, uma checa, e que quando chegassem encontravam sitio para ficar. Lá ganhei coragem e comprei o bilhete de autocarro para essa noite.

Começámos por sair com uma hora e meia de atraso, o que para quem quer encontrar um sitio para ficar não convém nada pois quanto mais tarde chegássemos PIOR!

Durante a viagem, meia a dormir, fui-me apercebendo que o autocarro ia fazendo paragens constantes. Devíamos chegar a Ayacucho por volta das 6h da manhã mas já o sol tinha nascido há um tempo e nós continuávamos no “pára arranca” no meio das montanhas. Levantei-me para perguntar ao condutor porque estávamos parados pela milésima vez que me respondeu com o típico tom peruano “no hay problema, no pasa nada”: “o autocarro só está a aquecer de mais e por isso temos de parar para arrefecer!”. Isto é de LOUCOS! Como é que este homem achou que conseguia levar o autocarro que sobreaquecia desde Lima, montanhas acima, até Ayacucho? (são 9 horas de viagem)

Só passadas mais umas horas de viagem é que ele finalmente desistiu e admitiu que tínhamos de trocar de autocarro. Então apanhámos uma espécie de combi local e para não stressar tentei focar-me no lado bom da avaria: agora estava a viajar de dia e podia apreciar a paisagem.

Íamos passando por vários grupos de mulheres e crianças que estendiam as mãos à beira da estrada e chamavam os carros. Mal sabia eu que estava prestes a passar mais uma horinha com um desses grupos...

BOOM! Ouviu-se um estrondo enorme...tínhamos rebentado um pneu...

Mal parámos vieram os aldeões a correr na nossa direcção e mulheres a tentar vender batatas cozidas e maçarocas invadiram o autocarro.

cenário enquanto o condutor trocava o pneu do carro

Enquanto esperava que trocassem o pneu passou um carro que atirou chocolates e rebuçados pela janela e assim percebi a razão das crianças passarem o dia à beira da estrada.

Lá arrancámos novamente e chegámos às duas tarde. Felizmente eu tinha ido adiantando trabalho e já tinha feito uns amigos no autocarro que tinham uma amiga em Ayacucho que conhecia famílias que alugavam casa. Foi assim que ficámos hospedados na casa da senhora María.

Como tínhamos perdido a procissão da manhã para esse dia só nos restava visitar as igrejas.

À noite juntámo-nos a mais uns intercâmbios e peruanos e acabámos numa “fogata”, uma festa ao ar livre, com musica ao vivo e fogueiras espalhadas pelo chão para as pessoas dançarem à volta.

Aulas!

Finalmente comecei as aulas (segunda feira, dia 29)!

Os primeiros dias deixaram boa impressão. As aulas são muito dinâmicas, toda a gente participa, os trabalhos são quase todos de grupo e acho que até agora tive muita sorte com as pessoas a quem escolhi juntar-me. Espero dar-me bem com os peruanos e também não deixar mal os portugueses. Os professores até agora pareceram-me simpáticos e como a universidade é pequena, já conhecem grande parte dos alunos, o que faz com que as pessoas estejam mais á vontade para participar nas aulas.

Dentro da universidade já não sinto tanto que estou no peru…por exemplo: há loiraças por todo o lado e as aulas começam à hora certa. Só nas fotocopias é que me lembro da cultura que me rodeia: existem cerca de 10! maquinas fotocopiadoras e umas 6 pessoas a trabalhar mas mesmo assim, com a loja vazia, demorei mais de meia hora para encomendar 30 simples copias que só amanhã é que estarão prontas!

Para além das cadeiras normais, também me inscrevi na capoeira e fotografia. A capoeira são duas duras horas de treino a abrir. O professor é brasileiro e acho que sou a única que percebe o que ele diz nas aulas. A fotografia e que não sei se não vou deixar pois apercebi-me que é um curso muito básico.

domingo, 4 de abril de 2010

Huacachina

Em Lima existem várias casas para estudantes internacionais. Umas das mais conhecidas são as Apu. O proprietário tem 30 e poucos anos e as suas cerca de 10 casas são uma galinha de ovos de ouro. Uma vez que tem alojados cerca de 100 estudantes tem acordos com ginásios, escolas de surf, etc, para oferecerem preços especiais aos inquilinos, faz festas em discotecas e organiza viagens. Claro que estes eventos não são só para as pessoas que vivem nas casas Apu. A primeira viagem deste semestre, que eu achei bom juntar-me para conhecer mais gente, foi a Huacachina, um oásis a Sul de Lima.

Éramos dois autocarros cheios com pessoas de todo o mundo. Começámos por dar um passeio de buggie pelas dunas (as mais altas que já vi) e experimentar sand boarding, que tem as suas semelhanças com o snowboard.

À noite houve uma grande jantarada na piscina do hostel seguida de festarola com muita salsa e cumbia, um tipo de musica colombiano muito famoso no Peru.



No dia seguinte eu e mais um grupo de raparigas arrancámos de Huacachina em direcção a Paracas, que fica a caminho de Lima. A partir desta vila pode-se apanhar um barco para visitar as ilhas Balestras, que são chamadas “galápagos peruanos” ou visitar a reserva nacional de Paracas.

A viagem para lá foi uma pequena aventura: o autocarro que apanhámos teve uma avaria e ficámos na berma da estrada a tentar mandar parar os outros que estavam a passar na mesma direcção. O problema é que vinham todos quase cheios e nós éramos um grupo de 10! Quando finalmente conseguimos apanhar um a pobre Ilda, uma norueguesa, apercebeu-se que lhe tinham roubado a máquina fotográfica no meio da confusão.

Chegámos por volta das 3 da tarde e já não havia barcos para as ilhas, por isso visitámos só a reserva. Aqui ficam umas fotografias:



De volta a Lima

Quinta-feira levei os meus pais a conhecer o centro de Lima. Visitámos a catedral, vimos o render da guarda e fomos até ao Cerro San Cristobal, o que se revelou uma missão quase impossível uma vez que existem várias agencias que levam os turistas até lá a cima, o problema é que só arrancam quando o autocarro está cheio.

Dirigimo-nos primeiro a uma que supostamente tinha horários fixos de saídas, mas que nos acabou por deixar mais de uma hora à espera que o condutor acabasse de almoçar e acabámos por desistir. A segunda esteve a dar voltas à praça durante quase uma hora à procura de turistas. Esta é a típica situação em que temos de respirar fundo e aceitar a forma dos Peruanos funcionarem. Ao final de mais de três horas lá conseguimos chegar ao cimo da colina.

À noite fomos jantar a casa da família Gamarra, os amigos peruanos do meu tio Zé Diogo, que nos receberam muito bem.

No último dia dos meus pais no Peru visitámos o museu arqueológico Larco Herrera, que não sé tem uma colecção única de peças como tem tudo bem exposto e a história correspondente a cada conjunto de exemplares muito bem contada.

4º dia na Amazónia

No último dia de manhã fomos aprender a andar de piroga, o principal meio de transporte das pessoas na selva, umas canoas que não passam de um tronco de madeira com uma cova. Senti-me a verdadeira Pocahontas!



Depois do almoço voltámos para Iquitos. Eu esteva desejosa por conhecer Puerto Belém, um bairro da cidade. Como tinha fama de não ser muito seguro, um pouco contrariada, lá contratei um amigo do Victor para ser o nosso guia. Realmente era um grande gueto, feito de casas flutuantes e que, segundo o meu pai, punha as favelas brasileiras a um canto. As pessoas viviam numa pobreza muito parecida ao que já tinhas visto na Índia, mas este sitio tinha um encanto próprio pois tudo se passava sobre a água. Podia-se ver as pessoas a cozinhar, a tomar banho, a dormir nas suas redes, a ver televisão dentro de casa e até a comprarem e venderam coisas de canoa para canoa, aliás, os canais de manhã são um autentico mercado flutuante que infelizmente não tivemos a oportunidade de ver. Um sitio único que aconselho visitar.