terça-feira, 30 de março de 2010

3º dia na Amazónia

De manhã calçámos novamente as galochas e fomos até uma ilha para ver uns nenúfares gigantes, as “vitória régias”. Desta vez não havia só lama, também havia um lago para atravessar e quando lá chagámos metade do grupo informou que as suas galochas tinham buracos ou seja, ficámos logo com as pernas encharcadas.



Depois do almoço fomos até a uma aldeia, para ver como as antigas tribos vivem hoje em dia e depois assistir ao “espectáculo” de dança tradicional. Foi muito giro passear pelas casas e ver o dia a dia das pessoas. Nota-se muito o contraste entre gerações: enquanto as senhoras mais velhas andavam só com um pano à volta da cintura, os miúdos mais novos vestiam t-shirt, calções e ténis. O Victor explicou-nos que é muito comum as aldeias serem construídas à volta do campo de futebol, que é o elemento central onde as pessoas se encontram, um género de plaza de armas.



De volta ao lodge ainda tive tempo de dar um mergulho no rio Amazonas!

À noite fomos dar um passeio de canoa, para ver se víamos algum mocho, mas sem grande sucesso.

Como os meus pais celebravam 25 anos de casados eu tinha encomendado um bolo de manhã à cozinha do lodge e por isso depois do jantar juntámo-nos todos, turistas e staff, a cantar os parabéns. O Fred, um rapaz do bar do hotel que tocava guitarra e até tinha as sua musicas originais, ficou a animar o resto da noite e os espanhóis fartaram-se de cantar e dançar.

2º dia na Amazónia

Esqueci-me de dizer que ontem, depois das piranhas ainda fomos ver golfinhos cor-de-rosa, uma espécie aqui da Amazónia, mas que por mais interessante que soe o nome, são uma seca porque não saltam e fogem do barco.

No segundo dia o primeiro passeio estava marcado para as 6 da manhã, para ouvirmos a “selva a nascer”. Uma das coisas que mais me impressionou na Amazónia foi o barulho que os animais faziam, era como uma musica de fundo constante, e os que se ouviam de manhã era completamente diferente dos de noite. Demos uma volta de canoa e vimos vários pássaros ás cores, incluindo tucanos e papagaios. O Victor conseguia imita-los na perfeição.

O segundo passeio, depois do pequeno almoço, já foi a pé, de galochas calçadas porque a lama chegava até aos tornozelos. Vimos principalmente insectos gigantes e uns macacos lá ao longe a saltar nas árvores.


a excursão completa

À tarde visitámos uma destilaria artesanal, com uma máquina de espremer cana de açúcar puxada a cavalos e, como é de esperar, tivemos a oportunidade de ser os cavalos. Depois do trabalho duro provámos os tipos de licor que ali se faziam a partir da cana de açúcar.


eu e a minha mãe a fazermos de cavalos...

Depois do jantar ainda demos mais um passeio a pé pela selva.

segunda-feira, 29 de março de 2010

1º dia na Amazónia

A viagem de avião de Lima a Iquitos oferece uma paisagem linda. Primeiro passamos pela cordilheira Andina, e de repente as montanhas secas viram selva que vista do céu parece um brócolo gigante que nunca mais acaba. A imagem das curvas do rio amazonas só me faziam lembrar o livro de geografia da primária.

Do aeroporto fomos para Iquitos e como tínhamos uma hora livre, até sair o barco para o Heliconia lodge, fomos dar um passeio. A cidade está “maltratada”, com edifícios coloniais lindos mas a cair aos bocados, as pessoas são um bocado estranhas e as ruas estão minadas por 25 000 moto táxis que passam o dia a buzinar. Ainda bem que escolhemos passar as noites todas na selva.

À hora marcada apareceu o nosso guia, o Victor, e juntaram-se as pessoas todas que iriam passar os próximos dias connosco: um vietnamita que está a tirar o MBA em Chicago e estava a aproveitar o spring break para conhecer o peru, uma japonesa a viajar sozinha durante um ano e um grupo de espanhóis que tinham vindo para um casamento em Lima e eram a animação total, sempre bem dispostos e a gozarem uns com os outros.

Começámos por visitar uma tribo perto de Iquitos chamada Bora. Hoje em dia é graças ao turismo que os costumes antigos dos índios sobrevivem, através de pequenos espectáculos de dança e venda de artesanato. Obviamente que mal os turistas viram costas, eles trocam as suas saias de palhinha por umas calças de ganga e calçam os seus ténis da Nike. Mesmo assim não deixa de ser engraçado ver as suas danças e conhecer um pouco da história da tribo.



Depois veio a viagem de uma hora, amazonas abaixo, até ao lodge. Almoçámos e saímos para ir pescar piranhas. Claro que os portugueses nem um peixinho apanharam, foram os espanhóis que conseguiram todas as piranhas, que comemos grelhadas ao jantar. Não sei exactamente ao que é que sabiam porque eram tão pequenas que mal dava para sentir o sabor.

Guia de Lima

Chegou a altura de mostrar a minha cidade!

Depois do pequeno almoço no café Haiti, a Brasileira cá sitio, fomos até à huaca (lugar sagrado lembram-se?) Pucllana. Só se podia visitar com um guia e para nossa infelicidade a tour que ia começar na altura em que entrámos era Inglês, ou seja, não se percebia metade do que o guia dizia porque o idioma não era o seu forte. Ainda por cima estava um sol infernal portanto ficámos com vontade de o estrangular!

Depois de comer a famosa ceviche no El Punto Azul, um restaurante que a Claire me tinha aconselhado fomos até minha casa para os meus pais conhecerem a “família” de arquitectos com quem vivo. Demos um passeio pela marginal e à noite fomos jantar ao bairro dos bares, Barranco.

Acho que os deixei bem impressionados!


paizinhos na Huaca Pucllana

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ponto de Situação

A semana passada resumiu-se a organizar os meus estudos para o próximo semestre. A organização da faculdade tem sido fantástica e deram imenso apoio aos estudantes internacionais.

Segunda feira tivemos uma manhã de orientação onde fizeram apresentações sobre as cadeiras, estágios que podíamos fazer, actividades extra curriculares oferecidas que vão desde cursos de fotografia, salsa e malabarismo (claro que também há as equipas básicas de futebol e basquete), levaram-nos a conhecer toda a universidade e no final ofereceram-nos um almoço típico peruano.

Nesse dia o Mauritzs, um austríaco, fez anos e houve uma grande festa em casa dele onde se concentraram umas 30 nacionalidades diferentes.

Terça-feira voltámos à universidade para inscrevermo-nos nas cadeiras. Tivemos tratamento de bebés: para além de nos terem ajudado na inscrição online, não fosse o sistema informático vir abaixo como sempre acontece (a malta da Nova sabe bem do que é que eu estou a falar), tivemos prioridade sobre os outros alunos, ou seja, não corremos o risco de perdermos algum curso por já estar cheio. À noite fui ao cinema com os meus vizinhos, os estudantes estranjas que moram todos aqui ao lado.

Quarta feira fui à praia com a Eugenie, uma francesa. É uma bênção vir de um país com mar e saber nadar: as ondas aqui nem são nada de extraordinário mas o povo dos interiores mal consegue por um pé na água porque não está habituado. A Eugenie coitada ia derretendo de calor porque tinha medo de se afogar.

Foi nesse dia que finalmente conheci o Ricardo, o peruano que me falou na casa onde estou agora! Quem me deu o contacto dele foi a Filipa George: “é o maior bacano e ajuda-te em no que precisares” disse-me ela. Ele não só me arranjou quarto como já me pôs em contacto com uma amiga dele, a Camila, que faz acrobacias de circo aéreas e que tem um tecido e uma lira montados no jardim.

Nessa noite falei com ela e convidou-me logo para no dia a seguir ir até casa dela para treinarmos juntas por isso quinta feira lá fui eu até La Molina, um bairro a uma hora de combi de minha casa (aqui em Lima dificilmente se passa menos de meia hora num combi)!

À noite conheci a Theresa, uma americana que também cá está a fazer um intercâmbio, e fomos a uma festa de estudantes internacionais numa discoteca aqui ao pé de casa. Estava lá a estrangeirada toda da Universidade.

Sexta fui com ela até à praia e Sábado de manhã chegaram os meus paizinhos!

10 coisas que gosto em Lima


1- Cheira a Verão: a mistura da temperatura, humidade e o facto de estar ao lado do mar faz-me sentir como se estivesse sempre de férias.

2- As flores: há milhares de jardins cheios de flores de todas as cores e muito bem tratados.

3- As pessoas: são bem dispostas, cumprimentam-se constantemente e têm imenso gosto em ajudar.

4- Os táxis sem taxímetro: o preço é regateado antes de entrarmos por isso independentemente das voltas que o condutor dê o que vamos pagar já foi estabelecido, não há cá surpresas.

5- Frequência dos combis: nunca esperei mais de 3 minutos. Por vezes podem vir ao barrote, mas isso é comum a todas as capitais em hora de ponta.

6- O leite em sacos: faz lembrar a infância, as colónias de férias e os “peixinhos da horta”.

7- O afiador de facas: toca exactamente a mesma musica que em Portugal mas não deve ter a sua carreira tão ameaçada uma vez que as facas IKEA ainda não chegaram ao Peru.

8- Os horários das lojas: os estabelecimentos ficam abertos até tarde. Mesmo durante os dias de semana as ruas têm imenso movimento até à meia noite, não morrem às 7 da tarde.

9- Os menus: existem imensos restaurantes de família que são, as tascas cá do sitio, que oferecem uma escolha diaria de 4 ou 5 pratos de comida caseira com entrada e sumo (sim, também gosto dos sumos!).

10- Os 43 bairros: cada bairro é quase uma cidade independente e é giro atravessar-los e ver as diferenças entre as casas, as pessoas e a dinâmica do dia a dia.

terça-feira, 16 de março de 2010

2º dia em Trujillo


Já estava na hora do meu estômago reclamar a troca de ambientes e fazer uma visitinha ao hospital local.

Acho que não vale a pena descrever ao pormenor a triste aventura. Aquele hospital não precisava de uma mãe como a minha, precisava de vinte pelo menos, e de alguns pais como o meu também para pôr as enfermeiras no ordem. Uma chegou mesmo a dizer, enquanto se maquiava, que não me podia injectar o soro porque estava muito cansada! E eu a morrer de dores...

Depois de 5 horas sentada no corredor com soros e afins fartei-me de chamar por enfermeiras e decidi ir directa ao consultório do médico refilar que o meu soro tinha acabado há uma hora e meia e que me queria ir embora. Tiraram-me a pressão arterial e como estava baixa disseram que tinha de ficar para mais uma garrafinha de soro. NEM PENSAR! Aí é que a minha tensão ia a zeros. Assinei um pseudo termo de responsabilidade o fugi dali para fora. No meio disto tudo quem me salvou foi a Vanessa que chamou táxis, foi comprar o soro e outros medicamentos (esta tarefa cabe ao doente) e esperou aquelas horas todas no hospital.

De volta hostel troquei o pijama por roupa de gente e fomos ver o que nos faltava conhecer em Trujillo. O centro da cidade é cheio de cores e uma plaza de armas (elemento essencial a todas as cidades peruanas) muito bonita.

Acabámos por passar muito tempo nesta praça, que está sempre com imenso movimento e onde conhecemos uns “caça turistas” que tentam vender tours mas que naquele dia passaram a maior parte do tempo à conversa connosco. “É época baixa, não vale a pena gastar energia à procura de turistas...”. Claro, é muito mais divertido contar anedotas a uma portuguesa e uma mexicana.

Por volta das 8 horas da noite agarrámos nas malas e voltámos para Lima, desta vez em bus cama, um luxo.

Trujillo

Chagámos a Trujillo por volta das 7 da manhã e apanhámos um taxi para um hostel que estava no meu guia. Primeiro o taxista aconselhávamos outros hotéis onde ficavam mais estrangeiros, depois, quando chagámos ao hostel o propriatário disse-nos que estava cheio e mandou-nos ir bater à porta da frente, um albergue com um aspecto bem mais cromo. Voltámos para traz e perguntámos se não ia sair ninguém até ao meio dia e nós deixávamos as coisas na recepção. Foi aí que percebemos que o hostel não estava cheio mas que tanto o proprietário como o taxista achavam que nós estávamos à procura de uma coisa mais luxuosa e que não íamos gostar daquele. Era perfeito! Quarto duplo com camas enormes, casa de banho e tudo limpinho!
Com medo de ficarmos penduradas em Trujillo fomos comprar os bilhetes de autocarro para o dia seguinte e seguimos para a maior atracção da zona: as ruínas de Chan Chan.



Chan Chan foi a capital do império Chimú (mais um povo que desconhecia) toda feita de lama. Para além desta cidade ainda visitámos duas Huacas, que são locais sagrados, também de lama. Em todos os monumentos estavam uns cães de uma raça que eu não me lembro o nome, que estão em vias de extinção. Quase que não têm pelos e eram usados para fins medicinais mas nunca cheguei a perceber como.



Ao almoço finalmente provei CEVICHE! O prato mais típico peruano. É feito com peixe, vegetais, mandioca, batata e temperado com lima. Encontrámos uma espécie de casa de família onde a dona estava à porta com tupperwares com os pratos do dia e depois servia as pessoas no seu pátio. Estava óptimo.



Visitámos várias igrejas e antigas casas coloniais e assumimos que tínhamos de dormir uma sesta.

À noite entrámos num hotel de 5 estrelas para perguntar ao concierge onde era o melhor sitio para ver a dança tradicional da cidade, a marinera. Como o espectáculo só começava à meia noite e meia fomos passear e jantar.

Passámos num mercado de artesanato onde ficámos quase uma hora a beber uma cerveja e a conversar com três donos de uma banca sobre o Peru, os Índios, os espanhóis e o mundo. Tenho-me apercebido que os peruanos adoram conversar. Mas não é aquela conversa de quererem saber coisas sobre nós ou de falar sobre si próprios. Gostam de trocar ideias, teorias e têm sempre imensa disponibilidade para fazer isso.

Depois do jantar parámos num bar e como a maioria dos clientes eram homens sentimo-nos mais confortáveis sentadas ao balcão a conversar com as duas raparigas que lá trabalhavam. Uma delas sonhava vir para a Europa porque o seu apaixonado estava algures na Alemanha. Eu expliquei que a vida não era assim tão fácil e a Vanessa deu imensos exemplos de amigos mexicanos que tinham ido atrás do “american dream” e que tinha saído tudo furado porque apesar de ganharem mais, gastavam muito mais. Acho que no final convencemos a rapariga a continuar a poupar para um dia abrir o seu próprio bar.

Finalmente fomos ver a marinera. Tivemos uma desilusão porque apercebemo-nos que não era um espectáculo. Era mais uma pista de dança com uma banda a tocar e a marinera só foi dançada duas vezes por profissionais, que “expulsavam” as pessoas da pista. Mas veleu a pena. A dança é única e tinha de ser vista. Aproveitei também para treinar um bocadinho de danças latinas com a Vanessa.

3º dia em Huaraz

Como a Vannesa nunca tinha visto neve ficou muito atraída por um tour ao glaciar Pastoruri, que não é mais que um bocado de gelo a 5000 metros de altura que infelizmente está 80% mais pequeno do que era originalmente e tem os dias contados. Eu acabei por ir na tour porque li que valia a pena o passeio até lá. Realmente passámos por sítios muito bonitos.

A viagem começou logo com uma pequena derrocada. Se tivéssemos saído 10 segundos mais cedo lá nos tinha caído um calhau em cima.

A primeira paragem foi junto de umas fontes de agua mineral que podíamos beber. Era muito esquisito porque aquela água acabada de sair do “charco” sabia igual à água das pedras.

Depois parámos para ver as puyas raimondi, uma espécie de ananás de 10 metros de altura que só existe em dois sítios no Peru e algures na Bolívia.



Quando chegámos ao pé do glaciar e tivemos de subir dois quilómetros a pé, que com a altitude parecem 10, mas valeu a pena pela vista.



Durante a viagem conversámos muito com um casal de americanos, quase na casa dos 40, que estava a terminar um ano de viagem. Tinham deixado os empregos e posto a mochila às costas. Já falavam espanhol entre eles e tudo. Também conhecemos uma francesa que nos inspirou a irmos para Trujillo, uma cidade mais a norte, nessa noite.

Chegadas a Huaraz fomos directas às companhias de autocarros e conseguimos comprar os últimos dois bilhetes disponíveis! YES! O único problema é que eram no bus económico (não há caminha para ninguém) e os lugares ao lado das casas de banho! A francesa que também ia para Trujillo foi no bus cama e nunca mais a vimos... Ainda bem porque era meia louca.

2º dia em Huaraz


O destino do segundo dia eram as ruína de Chavín de Huantar, um templo construído pelos Chavíns (sim, não pensem que este país foi feito só por incas e espanhóis) que ficava a uma curta viagem de 3 horas de autocarro. Desafiamos o Cristophe para vir connosco e ele aceitou.

O templo era muito interessante mas a maior parte das esculturas que faziam parte da fachada tinham sido guardadas no museu, que visitámos a seguir. Eram representações de Deuses que tinham uma forma meia humana e de um outro animal, como cobras e felinos. Para se inspirarem, porque não se chega a este tipo de representações do nada, os chavíns tomavam alucinogénicos.
Depois de vermos o museu fomos almoçar a uma típica casa de família que para varias só tinham frango! Eu implorei à senhora para me fazer alguma coisa vegetariana e ela deu-me uma papa amarela na qual só consegui identificar queijo e batatas que estava muito boa.

VI UM LAMA!!!



Mais uma vez acabámos o dia à conversa com a Sra. Alicia. Éramos os seus únicos hóspedes.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Destino Huaraz

Depois de descobrir que vou ter aulas aos Sábados ainda fiquei com mais pressa em viajar e aproveitar os dias de férias que restam. O destino escolhido foi Huaraz, uma cidade na Cordillera Blanca que é ponto de partida para vários passeios pelo parque nacional de Huazcaran.

A Vannesa juntou-se a mim e lá apanhámos as duas o autocarro nocturno semi-cama. No Peru quase não existem caminhos de ferro e a maioria das viagens é feita em autocarros com camas e semi-camas (o banco não reclina 180º) uma vez que é raro o destino que fica a menos de 8 horas de distancia. Incluem hospedeira, comida, um filme, mantas e almofadas.

Como é habitual neste país, conhecemos uma senhora durante a viagem que quando chegámos teve todo o gosto em nos levar até ao hostel que queríamos e deu-nos imensos conselhos sobre passeios nas montanhas. Deixámos as malas e apanhámos um micro (umas mini carrinhas onde EU quase que bato com os joelhos no queixo e o meu nariz toca o cabelo da pessoa da frente) até Yungai. Aqui a maioria das pessoas veste-se de forma tradicional, com os sombreros e as saias às cores. Parámos no mercado para tomar o pequeno almoço que estava cheio de famílias à volta de frangos assados, caldos de frango e arroz de frango. Nós ficámo-nos pelo pão e sumo.

O objectivo era visitar os lagos de Llanganuco e para isso tivemos de regatear um táxi que nos levava até lá, esperava duas horas para nós passearmos e trazia-nos para a aldeia outra vez. Os lagos eram espectaculares e o sitio estava deserto. As únicas pessoas com que nos cruzámos foi um grupo de peruanos a filmar um vídeo clip caseiro. Basicamente o cantor trajado a rigor dançava alegremente com a maravilhosa paisagem por traz, enquanto o carro passava a musica aos berros e o “realizador” com a máquina e um tripé coordenava as cenas. Fizeram-nos uma grande festa quando nos viram e pediram-nos para fazermos parte do clip. Claro que aceitamos! Não íamos perder a oportunidade de sermos umas bailarinas famosas. Estejam por isso atentos ao vídeo do Vicente Granados no youtube!





Ainda fomos até a Caraz, outra aldeia bonita cheia de gente simpática.

Quando regressámos ao nosso hostel em Huaraz encontrámos a dona, a sra. Alicia, e um francês louco, o Cristophe, na cozinha e acabámos os quatro a beber chá e à conversa.

Pisco Sour


Segunda feira passada provei o famoso Pisco Sour, num bar de Jazz muito giro no distrito de Barranco, onde a noite acontece. A bebida é um dos orgulhos deste pais, apesar de não se saber ao certo se foi inventada cá ou no Chile. É feita de lima, açúcar, claras de ovos e pisco claro! Existem depois variantes regionais e bares com receitas especificas. É parecido com a caipirinha, mas esta ao lado do Pisco Sour é mais leve que suminho.

terça-feira, 9 de março de 2010

Mi casa

Para os curiosos, aqui vão uma fotografias do meu quarto e da minha casa!


este é o meu quarto com um decor de influência peruana e tuga :P

Esta é a Julianita, a nossa querida empregada que todas as 3as nos faz as camas e cozinha um almoço maravilhoso (pelo menos hoje foi...).

sala

segunda-feira, 8 de março de 2010

Universidade e Cerro San Cristobal

Hoje tinha de estar à porta da faculdade às 8:30 da manhã para fazer o exame de espanhol, para saber o nível do curso em que ficaria. Como existia toda uma viagem de combi por um trânsito que eu não conheço acordei bem sedo para me por a caminho.
O Thomas explicou-me mais ou menos onde é que tinha de apanhar o combi e de que cor era. Acontece que existem várias empresas, cada uma pinta os seus combis das cores que quer e cada uma tem o seu trajecto., o meu era o branco e cor de vinho.
Ainda nem 7:30 da manhã eram quando já estava na paragem e passa o primeiro combi a rebentar pelas costuras! Nem parou. Comecei a conversar com uma senhora na paragem que também o queria ter apanhado, para perguntar qual era a saída da minha universidade. Foi muito simpática e disse que tinha de ser mais agressiva com o próximo que passasse. Lá veio ele e mal começou a abrandar lancei-me à multidão que lá ia dentro para conseguir um espacinho. Estava eu pendurada no último degrau da saída, agarrada ao corrimão, quando o cobrador, depois de ter furado por entre as pessoas, triunfante me cobra o bilhete. Claro que se eu sequer tentasse chegar à mala para tirar as moedas morria no meio da estrada porque isso iria implicar soltar as mãos. Felizmente a minha “amiga” começou logo a refilar e mandou-o voltar mais tarde.
Saí mesmo em frente à Universidade: um luxo ter transporte directo, porta a porta.
O exame foi escolha múltipla e uma entrevista e no final decidi que não ía fazer o curso- se o americano que mal fala espanhol vai ficar no nível avançado o que é que eu vou lá fazer?
Acabei por vir para casa no combi com esse americano e uma francesa, que tinham ido de táxi e ainda estão meios perdidos nesta cidade. O americano só se ria, para ele o combi era mais divertido que uma montanha russa!
À tarde fui com o Thomas ao Cerro San Cristobal, que é um monte ao lado do centro da cidade, que se sobe de carrinha turística e de onde se vê grande parte de Lima. Foi das coisas mais impressionantes que vi! A cidade só acaba no horizonte! É mesmo difícil de descrever a imensidão dos guetos, que se têm formado devido às ondas de emigrantes dos Andes, tribos inteiras que fogem do terrorismo, que ainda existe principalmente no norte do pais.
Aqui ficam as fotografias:



Hoje também reparei nestes policias sinaleiros, quase extintos em Lisboa. São geralmente mulheres e existe uma em quase todas as esquinas da avenida Arequipa, a avenida que liga Miraflores com o centro. São elas que coordenam o trânsito todo e a sua “casinha” tem a lembrança da praxe do sinto de segurança (quase irónica nesta cidade) e em cima propaganda à Inca Cola, uma bebida da empresa coca-cola, amarela florescente que só se vende cá.

Primeiro mergulho no pacifico!

Graças a um grupo no Facebook, “lima Exchange 2010”, já tinha entrado em contacto com muitos estudantes de intercâmbio antes de vir. Assim, combinei com a Vannesa (uma mexicana que vai estudar na minha universidade) ir ter a casa dela para darmos uma volta aqui por Lima.

A primeira vez que falei com esta Vannesa foi um bocado no gozo, para dizer que ele me tinha “roubado” o quarto. Basicamente estava de olho num quarto e depois disseram-me que já estava ocupado por ela. Foi das melhores coisas que me podia ter acontecido! Primeiro o prédio é longe de tudo, é num 7º andar com um elevador que funciona a pedais, a casa está a cair aos bocados e o quarto em questão só tem uma janela de um metro quadrado que dá para umas escadas! Ah! E com a agravante de ser mais caro do que o meu! Ufa, do que me safei!

Mas voltando ao dia de domingo... O Marcelo, o americano que mora com a Vanessa e está cá a trabalhar numa ONG, juntou-se a nós e fomos até à praia que não era nada má. O problema eram os calhaus que nos acertam nas pernas quando as ondas rebentam...

Depois fomos até ao centro comercial Larcomar, que foi construído na ponta do penhasco. Está cheio de mestizos (pessoas que têm origem índia e espanhola, que normalmente são de classe mais alta) e tem todas as cadeias americanas que possam imaginar. Esta tendência para idolatrar a “western food” irrita-me um bocado, especialmente num pais com comida tão boa como o Peru (sim, acreditem que é um verdadeiro atentado à dieta).

Almoçámos num restaurante de família que são os típicos, onde trabalha a família toda na cozinha e a servir às mesas e têm um menu com um preço fixo que inclui uma entrada, um prato e jugo, que é basicamente água com açúcar e limão.

Fomos até ao Park Kennedy, que é um jardim muito simpático, cheio de famílias peruanas e vendedores de “arte” para o turista. No meio do parque há um anfiteatro onde estava a tocar música aos berros e vários pares a dançar salsa como se não houvesse amanhã. Eu estava cansada só de ver!



Apanhei um escaldão do passeio e acabei o dia a ver os Óscares em “família” cheia de creme.

sábado, 6 de março de 2010

Lima Centro

Mais uma dia em que o Thomas me levou a passear. Fui conhecer o centro de Lima, onde supostamente já não é tão seguro, mas na minha opinião os guias exageram muito.
Demos uma volta pela zona histórica onde se não fosse o facto de rua estar cheia de peruanos, podíamos estar em Espanha. Existem muitas igrejas barrocas e edifícios. Depois fomos até uns mercados, onde por sua vez, podíamos estar na China! Gente e mais gente, loja atrás de loja e todo o tipo de tralha de 3ª necessária ao dia a dia. Como o começo das aulas está aí à porta e hoje é sábado os mercados estavam cobertos por crianças aos berros, a pedinchar tudo e mais um par de botas. Era alucinante o número de lojas de material escolar que respondia a procura destas mãezinhas que provavelmente daqui a uma semanas se vão transformar em lojas de chocolates para a Páscoa e já foram antes lojas de fatos de carnaval.
Lima continua a marcar pontos: existem imensas barraquinhas sumos naturais! Pedi um de ananás e morango e o Thomas um batido de banana, para levar (num saco de plástico com palhinha porque não existem copos de plástico grandes o suficiente).
Os transportes públicos estão reduzidos a combis e a táxis. Os combis são uma espécie de mini autocarros que fazem as principais avenidas e que têm um cobrador de bilhetes que vem pendurado na porta a gritar o destino. Os táxis não têm taxímetro e tem de se regatear o preço antes de entrar. Existem de todas as formas e feitios e cabe ao condutor ter consciência da qualidade e conforto que a sua viatura oferece e cobrar mais ou menos. O trânsito não é assim tão caótico, claro que não estamos na Europa mas comparativamente com a Índia, Lima á a Suíça.

Aqui ficam algumas fotografias tiradas à pressa


CHEGUEI!

No meu último dia em Londres fui até à catedral de S. Paul, visitei o TATE Modern Art e dei um grande passeio ali pela zona da bolsa. Voltei a casa da Filipa para acabar de fazer as malas e quando já estava de saída para o aeroporto apercebi-me que já não sabia onde tinha posto a minha carteira...toca a desfazer as malas e a revirar tudo. Nada! Fui a correr até ao supermercado, onde tinha estado mais cedo, e lá estava a carteira.
OBRIGADO GEORGE PELO ALOJAMENTO!

A ida para o aeroporto foi dolorosa. As minhas malas mais uma vez estavam bem mais pesadas do que pareciam (recordo que são para 6 meses!) e o roteiro até Heathrow incluía muito mais dar à pata do que eu pensava.
Lá cheguei ao terminal 4 e dirigi-me ao check in da TAM, que já tinha uma fila gigante de brasileiros que levavam a casa às costas. Cada pessoa tinha em média dois malões grandes mais uma colecção de sacos, saquinhos e sacolas. Será que é uma coisa cultural? Resultado: uma fila daquelas à antiga na qual demoramos uma hora a despachar a bagagem.
12 horas até São Paulo...aqui vou eu.

O avião tinha aqueles ecrãs individuais que a Maria tanto e gosta com filmes de BOLLYWOOD! YES!
O aeroporto de São Paulo é o caos! As televisões em vez de anunciarem todos os voos do aeroporto só anunciam as partidas do terminal em que nos encontramos! E em que terminal é que eu esteva? E em que terminal é que era o meu voo? Sinalização obviamente não existe portanto os seguranças estavam cercados de pessoas a fazerem estas duas perguntas. Mas funciona: embarquei a tempo- mais 5 horas e meia até Lima.


Andes- eu sei que é a típica fotografia do turista bimbo mas não resisti.

Quando cheguei lá estava o tio José Miguel e a sua filha à minha espera. É altura de agradecer ao meu tio Zé Diogo que me pôs em contacto com este seu amigo peruano e também a estes meus novos “tios” que tanto apoio me têm dado.
Parecia que já tinha estado em Lima depois de tantas fotografias. Reconheci logo o Circuito de Playas, os prédios de Miraflores no cimo do penhasco e o centro comercial Larcomar. É tudo igual às fotografias.
Facilmente chegámos à porta da minha nova casa e o Thomas recebeu-me, uma vez que a Claire e o Martín estavam a trabalhar. Fiquei logo muito “aliviada”. O meu quarto é maior do que esperava, toda a casa tem imensa luz, é limpa, a casa de banho tem toalha para os pés e o lavaloiças não está cheio de pratos e copos sujos. Dá a sensação de ser uma casa de Verão por causa do cheiro, do estilo meio antiquado e do facto das janelas estarem sempre abertas e podermos ouvir a vida toda dos vizinhos. Até já conheci uma: a Maia, uma criança de 5 anos muito simpática mas que grita o tempo todo.

O Thomas é um porreiro! É de Estrasburgo e está cá há 7 meses a estudar arquitectura e só se vai embora em Julho. Levou-me logo a dar uma volta pela zona de Miraflores e Barranco. Fiquei a saber onde ficavam coisas indispensáveis à minha sobrevivência como o super mercado, as melhores sanduíches de Lima e os melhores bares e discotecas.
Uma coisa curiosa é onde se troca dinheiro em Lima: no meio da rua, literalmente. Como tanto se usam Soles ou Dollars, existem por toda a parte, até nos semáforos no meio da estrada, oficiais de colete verde encarregues deste trabalho.
Quando voltámos descobri que já tinha feito estragos...tinha deixado a minha porta do quarto trancada por dentro e com a corrente de ar esta fechou-se... Tivemos de ligar ao senhorio para saber onde estava a chave, nada de grave.

Primeiro chegou o Martín e depois a Claire. O programo da noite foi sentarmo-nos a beber cervejas e a conversar. Foi muito para os conhecer melhor. O Martín tem 33 anos, é Peruano e um poço de cultura. Toda a vida disse que queria ser economista, mas à última da hora decidiu seguir arquitectura. A Claire tem 30 anos, é do Norte de França e o Martín chama-lhe “esquerda caviar”. A primeira vez que veio para Lima foi para fazer um estágio e depois de acabar o curso em França resolveu vir para cá trabalhar. Os dois acabaram por se casar para facilitar a vida da Claire cá e as idas do Martín à Europa. Isto foi algo que a família conservadora do Martín não achou muita graça pois um casamento tem de ter padre, igreja, muita gente e uma bonita festa.
Entretanto chegou o irmão mais novo do Martín que é redactor de futebol. É um trabalho que ele gosta muito mas não é muito bem visto pela sociedade Peruana pois a imprensa não ter muito prestígio e não dá muito dinheiro. Já passou pela politica, mas fartou-se porque era sempre o mesmo círculo vicioso. Também é um poço de cultura como o irmão.
Ficámos na conversa até à uma da manhã. Por esta altura eu já revirava os olhos de sono, foi um longo dia!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Primeira paragem: Londres



O voo na Easyjet foi fantástico: o avião vinha à pinha, nem um lugar vazio, mas eu consegui ser a sortuda que ficou com o banco com banda sonora e massagens, extras oferecidos pela criancinha sentada atrás de mim que esperneou e berrou o tempo todo! Do avião até casa da Filipa George foi uma pequena odisseia de 3 horas: encontrar a minha mala de mão que tinha sido levada pela hospedeira por não haver espaço na cabine, levantar a bagagem de porão, apanhar o shuttle para a estação de comboios, apanhar o comboio para London Bridge e apanhar o autocarro até à porta das Tyndale Mansions. 2h da manhã: hora simpática para se bater à porta de uma amiga...

Terça feira de manhã tratei de comprar os bilhetes para Canterbury, para poder finalmente visitar a Filipa Moniz que já está no último ano do curso na Universidade de Kent. Ainda tive tempo para dar uma volta por Londres e ver o British Museum antes de entrar no autocarro.
A Filipa e o Arnaud, o seu namorado, foram uns grandes anfitriões. Tinham um jantar óptimo à minha espera na sua casa nova. Incluiu entradas, vinho, lasagna e tiramissú!
Depois de por toda a conversa em dia e descobrir que tinham conseguido mobilar a casa só com coisas doadas e oferecidas, desde o frigorífico às prateleiras e sofás, fomos até a um pub com musica ao vivo, onde nos encontrámos com um grupo de amigos muito internacional.
Hoje de manhã a Filipa tinha uma excursão preparada para mim. Fomos até à catedral, passeámos pelo jardim da cidade, visitámos o museu romano, demos umas voltas pelas ruas principais e acabámos numa casa de chá típica a comer scones.
A seguir fomos de carro até à costa para fazer o percurso de White Clifts, uns penhascos muito bonitos donde se vê o porto de partida e chegada de muitos barcos de França.
De volta a Canterbury o Arnaud juntou-se a nós, depois do seu dia de trabalho, e fomos ver a Universidade de Kent. Ainda houve tempo para experimentar uma cerveja Ale num pub antes de apanhar o autocarro de regresso a Londres.
MUITO OBRIGADO FILIPA E ARNAUD!



jantar em casa da Filipa e do Arnaud


hmmmm...

e os White Clifts:








última cerveja