terça-feira, 25 de maio de 2010

Marcahuasi

Domingo fugi da cinzenta Lima para ir acampar em Marcahuasi, uma formação de pedras mística, a 4200 metros de altitude.

Cravei uma tenda ao Gavin, o meu vizinho do Canadá e encontrei-me com a Vannesa às 6:30 da manhã, para começarmos a nossa odisseia de combis. Ainda tentámos apanhar um táxi colectivo, mas depois de esperarmos meia hora por mais pessoas para o encherem desistimos. Foram um total de três combis até Chosicas, uma cidade a 40 kms de Lima, onde nos encontrámos com a Vero (austríaca) e a Darinka (holandesa) que tinham chegado no dia anterior. Daí apanhámos o 4º combi onde passámos 3 horas um bocado assustadoras, por uma “estrada” que se resumia a um caminho de cabras montanhas acima. Tivemos inclusive de fazer as curvas mais apertadas a pé, não fosse o combi perder o equilíbrio e despenhar-se.

Chagámos a S. Pedro de Castas ao meio dia. Era uma aldeia pequena, onde toda a gente se conhecia e sem qualquer tipo de infra-estruturas turísticas! YUPIII!

Almoçámos numa tasca, onde desconfiamos que o senhor foi matar galinhas e colher batatas para preparar o nossos pratos.
Comprámos os mantimentos para os dois dias e começámos a “escalada” até ao anfiteatro de marcahuasi, assinalado “a 4kms”. Os meus pulmões quase que explodiram na primeira subida...estava só nos primeiros 100 metros.

Apareceu uma senhora que nos perguntou se queríamos alugar burros para levarem as nossas coisas e o nosso orgulho respondeu logo que não. Ela olhou-nos como se fossemos loucas.

Depois de mais de meia hora de caminhada vimos mais um sinal que para nossa infelicidade nos dizia que continuávamos a 4 kms do anfiteatro... que dor...



Foram quase três horas de trekking intenso. Sempre que pensávamos que íamos cair para o lado, aparecia um velho ou uma velha cheios de fibra, de erva às costas, a saltitar pelas montanhas que nos faziam sentir ridículas.

Quando chegámos ao anfiteatro não queríamos acreditar: para além da paisagem ser espectacular estávamos completamente sozinhas! Não havia ninguém, uma loja de souvenirs, um restaurante, uma coca cola... NADA! Só uma tenda abandonada e meia dúzia de burros.


Aí estão as nossas tendas sozinhas no meio do anfiteatro.

Montámos as tendas e fomos à procura de um bom sitio para ver o por do sol e fazer um pic-nic. As rochas iam ganhando formas diferentes às medida que a luz desaparecia e começámos a acreditar nas lendas sobre civilizações que esculpiram as pedras gigantes.



Quando caiu a noite ficou um frio horrível e enfiamo-nos nas tendas por volta das 8 a pensar que íamos dormir pelo menos 10 horas! Para alem do frio, tivemos visitas constantes de um burro e a coitada da Vero ainda vomitou por causa da altitude. Lá se foi o sono...

Ver o nascer do dia foi um alivio. Fui dar mais um passeio pelas rochas e aproveitar a luz, que já se extinguiu em Lima.
Desmontámos o estaminé, tomámos o pequeno almoço e concentrámo-nos na ideia de que descer seria muito mais fácil que subir. Fomos por um caminho diferente da subida para visitarmos o “monumento à humanidade”, uma formação de rochas que parecia uma cara. Felizmente encontrámos um grupo de argentinos, que estavam a fazer uns estudos, que encarregaram o seu guia de nos mostrar as formações, caso contrário teríamos passado pelo famoso rosto sem o ver.



A seguir foi quando a descida ficou pior. Enganamo-nos no caminho e tomámos o mais directo até à aldeia, ou seja, o mais íngreme. A todas nos tocou um bela espeta de rabo e várias derrapagens.

Chagámos por volta da hora do almoço e abancámos num café onde conhecemos um espanhol, o dono da tenda abandonada, que também estudava as rochas. Passava algumas noites na aldeia só para carregar o computador e telemóveis e resto no anfiteatro. Não queria acreditar quando lhe contámos que tínhamos subido sozinhas sem guia e sem burro. Também jurou que me conhecia a minha cara de Madrid...eu como não sou boa para caras não o desmenti.

O combi partiu às 2h e cheguei a casa às 8h, 3 combis e muito trânsito depois.

3 comentários:

  1. maria amei o blog...quanto a cena do “só parte quando enche” já a conhecemos!! Quanto à aventura confesso que gostaria mais se não fosse com a minha filhota (apesar da pontinha de orgulho que me deixa). Rezo para que nada lhe aconteça porque a inconsciência é grande! A parte boa é que so publica os post depois de estar a salvo, pelo menos poupa-nos essa parte da angustia!!! Parabéns por mais esta vitoria!!! Mumi

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  2. Cá em casa continuamos fãs... Sempre à espera de mais novidades... Adoramos.
    Beijinhos grandes.
    Familia Pinheiro

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  3. Que bom! Muitos beijinhos para todos!

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