segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ayacucho

A semana santa no Peru é um evento nacional. Tal como nós com a passagem de ano, toda a gente se pergunta “para onde vais durante a semana santa?”, ficar em Lima é que está fora de questão!

A minha ideia inicial era ir para a cidade de Ayacucho, pois tem fama de ser a cidade com as melhores celebrações. Mas a fama é tão grande que a cidade fica à pinha e como estava tudo cheio comecei a desistir da ir até o Nils, um alemão, me dizer que ia com a Marketa, uma checa, e que quando chegassem encontravam sitio para ficar. Lá ganhei coragem e comprei o bilhete de autocarro para essa noite.

Começámos por sair com uma hora e meia de atraso, o que para quem quer encontrar um sitio para ficar não convém nada pois quanto mais tarde chegássemos PIOR!

Durante a viagem, meia a dormir, fui-me apercebendo que o autocarro ia fazendo paragens constantes. Devíamos chegar a Ayacucho por volta das 6h da manhã mas já o sol tinha nascido há um tempo e nós continuávamos no “pára arranca” no meio das montanhas. Levantei-me para perguntar ao condutor porque estávamos parados pela milésima vez que me respondeu com o típico tom peruano “no hay problema, no pasa nada”: “o autocarro só está a aquecer de mais e por isso temos de parar para arrefecer!”. Isto é de LOUCOS! Como é que este homem achou que conseguia levar o autocarro que sobreaquecia desde Lima, montanhas acima, até Ayacucho? (são 9 horas de viagem)

Só passadas mais umas horas de viagem é que ele finalmente desistiu e admitiu que tínhamos de trocar de autocarro. Então apanhámos uma espécie de combi local e para não stressar tentei focar-me no lado bom da avaria: agora estava a viajar de dia e podia apreciar a paisagem.

Íamos passando por vários grupos de mulheres e crianças que estendiam as mãos à beira da estrada e chamavam os carros. Mal sabia eu que estava prestes a passar mais uma horinha com um desses grupos...

BOOM! Ouviu-se um estrondo enorme...tínhamos rebentado um pneu...

Mal parámos vieram os aldeões a correr na nossa direcção e mulheres a tentar vender batatas cozidas e maçarocas invadiram o autocarro.

cenário enquanto o condutor trocava o pneu do carro

Enquanto esperava que trocassem o pneu passou um carro que atirou chocolates e rebuçados pela janela e assim percebi a razão das crianças passarem o dia à beira da estrada.

Lá arrancámos novamente e chegámos às duas tarde. Felizmente eu tinha ido adiantando trabalho e já tinha feito uns amigos no autocarro que tinham uma amiga em Ayacucho que conhecia famílias que alugavam casa. Foi assim que ficámos hospedados na casa da senhora María.

Como tínhamos perdido a procissão da manhã para esse dia só nos restava visitar as igrejas.

À noite juntámo-nos a mais uns intercâmbios e peruanos e acabámos numa “fogata”, uma festa ao ar livre, com musica ao vivo e fogueiras espalhadas pelo chão para as pessoas dançarem à volta.

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